Colocar limites: O que pode e o que não pode
Maria Tereza Maldonado
Colocar limites, assim como a auto-expressão e o confronto, é um modo de ajudar o adolescente a modificar seu comportamento sem prejudicar sua auto-estima. Consiste, essencialmente, em "delimitar o terreno" para que a pessoa saiba onde está pisando ou, em outras palavras possa discernir com clareza o que é permitido e o que é proibido.
O tom de firmeza, ao fixar um limite, é essencial. Há pessoas que se perdem em justificativas, como se estivessem pedindo perdão por terem de estabelecer limites. Quando hesitamos, fazemos mil rodeios, ficamos intimidados ou inseguros, os limites que estabelecemos não são levados a sério, nem pelas crianças e adolescentes, nem por outros adultos.
É claro que os limites básicos precisam ser discutidos entre os pais para chegarem a um consenso de como vão agir em determinadas situações. Do contrário, o adolescente fica exposto a mensagens contraditórias que a deixam confusa: "Afinal, posso ou não ir à escola sozinho de ônibus?", "Mamãe diz que eu posso mexer no aparelho de som, mas papai proíbe e fica uma fera quando sabe que eu mexi, o que é que eu faço?"
Porém, sem dúvida, as diferenças individuais dos limites podem gerar jogos perigosos no relacionamento familiar. O mais comum é a mãe torna-se "cúmplice" dos filhos, permitindo-lhes que façam coisas que serão mantidas em segredo para que o pai autoritário e "durão" não venha a saber. Ou, então, a criança ou o adolescente logo aprende táticas de manipulação para "driblar" os familiares: chega perto do pai e diz, em segredo, "a mamãe deixou" e faz o mesmo com a mãe, os tios e avós.
Com pais separados ou em novas uniões, a questão dos limites torna-se bem mais complexa. Maria Eduarda , de 16 anos, queixa-se: "a filha do namorado da minha mãe dirige desde os 15 anos, e eu tenho que esperar fazer dezoito!". Miguel, de 13 anos, diz: "Acho que não tem nada a ver a minha mãe me proibir de beber; na casa do meu pai é o maior barato, posso ficar de papo com ele e com os amigos até altas horas tomando cerveja". Luiz Paulo fica revoltado porque o pai que sempre o proibira de jogar bola na sala, permite que os filhos de sua atual mulher façam o que querem e bem entendem. Lisa, de 14 anos; sente-se aliviada: "Ainda bem que meus pais se separaram! Meu pai era chato demais com a hora de chegar em casa, com minha mãe eu posso chegar tarde numa boa. Papai nem sonha que eu saio com meus amigos para ir a discoteca!".
Os limites têm portanto, a função de ensinar à criança e ao adolescente o que é e o que não é permitido. Sobretudo, têm também a função de dar proteção e segurança.
(Fonte: COMUNICAÇÃO ENTRE PAIS E FILHOS - MARIA TEREZA MALDONADO - Ed. Saraiva)
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